A data faz referência ao dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade de sua lista de doenças, em 1990. No entanto, apenas em 18 de Junho de 2018 a transexualidade / travestilidade fora retirada do capítulo de doenças mentais pela OMS. Mas o que há de importante nesse tema para que você e eu se importe? Reflitamos:

(…) o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e também é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo. (…), a cada 19 horas, uma pessoa LGBT é morta no país. (…) A população trans é a mais atingida por essa violência. (…), a cada 26 horas, (…), uma pessoa trans é assassinada no país. A expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos. “As mazelas sociais são a exclusão, a falta de trabalho, a prostituição e o exercício de profissional de sexo como a única alternativa de sobrevivência” (…)” BRASIL DE FATO, 2018.

Enquanto o psicólogo estadunidense Carl Rogers (1902 – 1987) nos sinaliza que “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”, o psicólogo brasileiro Dr. Luís Antônio dos Santos Baptista (UFF), em seu texto “A Atriz, o Padre e a Psicanalista – Os Amoladores de Facas, salienta que “os amoladores de facas têm (…) a presença camuflada do ato genocida. (…) Retiram do ato de viver o caráter pleno (…) de modos singulares de existir. (…) Não acreditam em modos de viver.” 

Podemos considerar muitas formas de “matar e morrer”. Alguns amolam as facas, e outros as utilizam para esfaquear. A uns morre o corpo enquanto que a outros morre o sentido de existir (de tão sufocante que lhes torna a vida com os “amoladores de facas” que os cercam). Certa vez um cliente transgênero masculino me disse: “Doutor, muitas vezes quando criança, eu orava a Deus cortando minha pele escrevendo ‘Jesus’ … minha esperança era que Jesus transformasse meu corpo de menina no corpo de um menino”, retratando seu desejo de ter um corpo socialmente aceito em relação a sua auto percepção de gênero.

Portanto, conforme os Princípios Fundamentais do Código de Ética da Psicóloga (2005):

I. A psicóloga baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiada nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. II. A psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. III. A psicóloga atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural. (…)

Em consideração ao seu comprometimento com a dignidade das vidas humanas, a Psicologia brasileira apresenta a sua categoria e a sociedade a  RESOLUÇÃO CFP N° 001/99 DE 22 DE MARÇO DE 1999 que “Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual” e, mais recentemente, a RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018, que “Estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis”. Ambas podem ser encontradas no site do Conselho Federal de Psicologia. É louvável concluirmos esse convite reflexivo com as palavras do já citado Carl Rogers:

 ” Sinto-me mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos.”

Biografias: https://www.escavador.com/sobre/7720744/luis-antonio-dos-santos-baptista

https://www.ebiografia.com/carl_rogers/

BRASIL DE FATO: https://www.brasildefato.com.br/2018/05/17/dia-internacional-de-luta-contra-a-lgbtfobia-marca-resistencia-em-meio-a-violencia/

Código de Ética da Psicóloga: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf

Autor: Tiago dos Santos – Psicólogo Gestalt-Terapeuta (CRP 05/47737), Especializando em Hipnose Clínica, Hospitalar e Organizacional (IBH), Expertise em Direitos Humanos em HIV e AIDS (Movimento Social), Colaborador da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do RJ nos Eixos de “Diversidades e Gêneros” e “Psicologia e Laicidade” Idealizador/Integrante do Coletivo DHiVerSuS de Psicologia.