O 18 de maio é marcado por ser um dia de luta de trabalhadores da saúde mental, usuários e familiares pela garantia de direitos das pessoas com sofrimento mental. A luta é para que possam ter um tratamento digno em locais substitutos aos manicômios e por uma inserção na sociedade como cidadãos que são, podendo estarem livres e não em hospitais ou casas de recuperação, isolados e retirados de seus territórios.

O movimento da Reforma Psiquiátrica ou Luta Antimanicomial, iniciou-se no final dos anos 70 e acompanhou o processo de democratização do Brasil. Saindo de um sistema ditatorial não era mais possível que pessoas continuassem sendo colocadas em “depósitos humanos” e esquecidas por anos e anos, sendo dopadas e com o uso de eletrochoque para “acalmar” e “tratar”. O marco para a criação desse dia foi o II Congresso dos Trabalhadores em Saúde Mental, realizado em Bauru no ano de 1987 com o lema “Por uma sociedade sem manicômios.” Sendo assim o fechamento gradativo dos hospitais e a criação de uma rede ampliada para o tratamento seria a forma de se conseguir o objetivo discutido nesse encontro. 

Mesmo já se passando mais de 30 anos do início do movimento ainda precisamos reafirmar o lema do II Congresso e lutar para que novas formas de manicômios não sejam recriadas.

O Brasil passa por um momento de perdas de direitos e diversos retrocessos na área da saúde e dos Direitos Humanos. O sucateamento do SUS, que está evidente neste momento de pandemia do Covid 19, traz reflexos diretos ao CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que é o local de tratamento substituto aos hospitais psiquiátricos.

Mais especificamente o CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas), local em que trabalho, tem sofrido um ataque direto à sua forma de tratamento, já que novas recomendações com objetivo de que a pessoa “fique e permaneça abstinente” traz um conflito com a diretriz da Redução de Danos como alternativa na condução desse cuidado.

Neste dia 18 de maio de 2020, atípico e pandêmico, não iremos para as ruas, não faremos grandes encontros em nossos locais de trabalho, mas nos manteremos firmes no lema e com um adendo “Por um SUS sem manicômios”, entendendo que “prender não é cuidar”.

Autora: Rogéria Ferreira Thompson – Psicóloga clínica – CRP: 05/52415, Psicóloga no CAPS AD Vanderlei Marins em NI, Colaboradora do CRP-RJ Subsede Baixada Fluminense, Especializanda Em Direitos Humanos e Saúde – ENSP/FIOCRUZ e Co-Fundadora do Movimento de Psicólogos da Baixada.