Crianças e adolescentes com deficiência; meninas (por sua condição de gênero); meninas e meninos; indígenas; quilombolas; ribeirinhas e ribeirinhos; negras e negros; LGBT+; migrantes e imigrantes; refugiadas e refugiados; moradoras e moradores de comunidades rurais/periferias; adolescentes cumprindo medidas socioeducativas, adolescentes em situação de acolhimento institucional, pessoas  que enfrentam tratamento de doenças severas, etc.

                Duas atitudes são fundamentais nesse momento: ter um olhar atento para identificar e denunciar situações de violência e tomar todas as medidas necessárias para prevenir essas situações.

                A realidade do Brasil, nos faz pensar em populações, grupos e comunidades que já se encontravam em situação de risco antes desse momento de crise mundial. Os últimos acontecimentos tem nos mostrado a importância de estarmos atentos para poder agir. O momento é desanimador e de indignação. No dia 17 de maio de 2020 o dançarino, ator e modelo, Demétrio Campos foi SUICIDADO – termo utilizado pelos ativistas por definir o suicídio como um processo de ‘’ação direta do Estado ou pela sua inoperância na Assistência Social, no Saneamento Básico, menosprezo alimentados por religiões, escolas, meios de comunicação e autoridades, e reproduzidos por famílias, comunidades, ambientes de trabalho’’. No dia seguinte, o adolescente de 14 anos, João Pedro foi vítima de uma operação policial. João, foi levado sem o acompanhamento de sua família e depois de muitas manifestações nas redes sociais em apoio à família e em revolta com o acontecido, veio a notícia de que seu corpo já se encontrava no IML. João, Demétrio, Agatha, Marcos Vinícius e tantos outros nomes e histórias que são interrompidas pela necropolítica do estado do Rio de Janeiro e pelo genocídio de populações entendidas socialmente como minoritárias.

                Cabe aqui, pensarmos em quem são as pessoas que precisam ainda mais da proteção e cabe também aos que possuem mais recursos, privilégios e condições se movimentarem pra gerar mudança, uma mudança estrutural. Use das suas estratégias para ajudar esses grupos. Há muito tempo, vidas são tiradas por uma supremacia e a criminalização da pobreza não pode permanecer sendo algo naturalizado, comum e cotidiano. Se um tiro disparar na sua casa agora, quem você é no jogo?

Fonte: Guia de Bolso: Proteção infantil e ajuda humanitária na pandemia de COVID-19; @flaviaol e @instadajaqueline

Autora: Grazielly Ribas de Oliveira – Psicóloga (CRP 05/59433), mestrando em Psicologia pela UFRRJ, pesquisadora do Laboratório de Estudos Sobre Violência Contra Crianças e Adolescentes (LEVICA), formada em Terapia Sexual, atua na clínica com crianças, adolescentes e adultos na abordagem da Terapia do Esquema. Participante do Projeto CEIBA – teatro e biologia.