Demitir ou reter talentos – O que fazer neste momento?

Para Mario Persona, “momentos de crise sempre existiram e sempre vão existir. Eles permitem o saneamento do mercado, pois é na crise que desaparecem empresas que não conseguem se adaptar, as que conseguem permanecem e outras surgem com inovações que vêm criar novos paradigmas de mercado.”

As Organizações que se mantém em tempos de crise e começam a sentir impactos de queda na produção ou no faturamento, logo pensam em redução de custos. E redução de custos conseqüentemente leva a demissões.

É nesse momento que muitas Organizações erram.

Quem deve ser demitido neste momento?

Se não tiver como reter os funcionários durante o período de recessão, é necessário avaliar que tipo de colaborador deve ser demitido.

Comece a pensar nas demissões pelos colaboradores de baixa produtividade, siga para os que possuem dificuldades de relacionamento interpessoal e por último os que apresentam dificuldades técnicas.

Ao pensar em demissões, descarte a possibilidade da escolha ser realizada por meio de salários. Priorize o que possuem problemas que afetam o bom funcionamento do negócio.

Avaliar os colaboradores é imprescindível para decidir as demissões.

As avaliações dos colaboradores devem ser periódicas, quando isso não for possível, ou não estiver dentro da rotina organizacional, devem-se estabelecer critérios de avaliações antes das demissões. Essas avaliações podem ser realizadas através dos questionários de desempenho.

A partir dos resultados da Avaliação de Desempenho é que deve-se optar pelos colaboradores a serem demitidos, além de conseguir identificar os talentos.

Mas por que reter talentos???

Durante toda a história, passamos por diversas crises, onde grande Organizações fecharam, mas outras surgiram.

A questão é que quando dispensamos nossos talentos, eles vão trabalhar no concorrente ou se tornam nossos concorrentes. Aí é que está o grande perigo!

Porém, quando retemos esse talento durante a crise, motivando-o, integrando-o mais do que nunca na cultura da Organização, quando o período de crise passa, temos o melhor profissional dentro de casa.

E se ainda assim, tiver que demitir, lembre-se:

O papel do RH no desligamento de um colaborador é humanizar este momento, tornando-o menos dolorido possível.

Maíra Amaral Andrade
Psicóloga – CRP 05/32352
Diretora e Responsável técnica do NIDH
Colaboradora na Comissão especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho no CRP/RJ

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Atendimento psicológico on line

O atendimento psicológico on line foi regulamentado no Brasil em 12/11/2018, através da Resolução CFP 011/2018. Atualmente é permitida e amplamente divulgada, não havendo limites de sessões para sua prática. O atendimento psicológico on line amplia o acesso de serviços de psicologia à população que vive em regiões com acesso limitado a serviços psicológicos e também para brasileiros que moram no exterior. Neste momento atual em que vivemos da pandemia do coronavírus, esse tipo de atendimento ganhou maior notoriedade por conta da necessidade do isolamento social. 

O atendimento psicológico on line é uma modalidade recente que tem crescido amplamente.

Com isso também foi possível perceber o crescimento das discussões sobre terapia online. Discute-se sobre os potenciais resultados, desafios, regulamentação e capacitação dos psicólogos para o atendimento online. Os debates sobre terapia online, polêmicos e por vezes rodeados de completa falta de profundidade, tem atraído o interesse de profissionais da área, da população e também na mídia.

A evolução da tecnologia

Há 10 anos atrás, smartphones e aplicativos para celulares nem sequer existiam. O boom das empresas “ponto com” ocorreu no final da década de 1990. O Google foi fundado em 1998, o facebook surgiu em 2004 e o primeiro iphone foi lançado em 2007.  Desde então temos visto muita coisa mudar, inclusive nas relações humanas, em nosso comportamento e também na forma como acessamos diversos tipos de serviços. Isso não é diferente com a saúde.

Uma pesquisa publicada em novembro de 2017 indica a existência de cerca de 325 mil aplicativos de saúde disponíveis na Apple Store e na Google Play, sendo que 78mil apps foram criados somente no último ano. Cerca de 6% desses apps estão focados em saúde mental, de acordo com o NCBI (National Center for Biotechnology Information).

Observando esses dados, é possível concluir a saúde também está passando por esta fase de transformação digital. E quando falamos em saúde mental, não é diferente. 

Cada vez mais pessoas procuram por um psicólogo na internet, e elas se deparam com a opção de serem atendidas através de meios digitais. O que é importante saber sobre terapia online ao agendar uma consulta com um psicólogo online?

Um dos princípios fundamentais do código de ética do profissional de psicologia afirma que: “O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.” Desconhecemos melhor instrumento que o uso da tecnologia para universalizar o acesso a serviços. 

Negar o atendimento psicológico online não é o mesmo que privar o indivíduo de terem saúde mental? A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um completo estado de bem estar físico, mental e social.

Negar o atendimento online não é ir contra até mesmo o que diz a nossa constituição? Uma vez que esta pressupõe  que a saúde é condição indispensável à garantia da vida humana.  Não deveria o Estado também se preocupar ampliar o acesso à saúde mental nas redes públicas através do atendimento psicológico online?

Neste momento da pandemia deixo essas reflexões.

Maíra Amaral Andrade
Psicóloga – CRP 05/32352
Diretora e Responsável técnica do NIDH
Colaboradora na Comissão especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho no CRP/RJ

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Gaslight – Saber o que significa pode mudar sua percepção sobre si mesma

Neste dia em que se exalta o amor – dia dos namorados – vamos falar um pouco sobre a naturalização da mulher como descontrolada emocionalmente. Essa naturalização de que a mulher é exagerada, emocional demais, faz com que muitas mulheres achem normal aceitar estas características como próprias delas, e esta aceitação tácita destas características é tudo que o machismo precisa para violentá-la sem que ela consiga entender o que está acontecendo, e ainda de brinde para o machista, culpar-se, por que afinal, as mulheres são assim mesmo, né? Exageradas.

– Você é tão sensível!

– Você é tão emocional!

– Você está sempre na defensiva!

– Você está exagerando!

– Acalme-se!

– Relaxe!

– Pare você está pirando!

– Você está louca!

– Eu estava apenas brincando, você não tem um senso de humor?

– Você é tão dramática.

– Você é tão estúpida!

– Ninguém vai querer você!

Soa familiar?

Se você é mulher, provavelmente seu companheiro já fez isso, ou faz. A probabilidade de a mulher ser a vitima deste tipo de violência, que chama se GASLIGHT, é infinitamente maior para mulher devido ao sexismo e machismo, que trata a mulher com desqualificação, inferiorização e descrédito. Basta notar que, é divulgado massivamente que os homens são racionais e as mulheres emocionais, mas não dizem que as mulheres têm uma inteligência emocional, trata se de uma desqualificação, o que quer dizer se com isso é que elas são descontroladas emocionalmente, ou seja, os homens são superiores, eles devem ter crédito e as mulheres não.

Os homens têm usado este tipo de manipulação emocional, embasada no machismo, para manterem se privilegiados nos relacionamentos, assim eles podem errar a vontade, trair acordos, fazer piadas depreciativas da companheira, humilhar, etc. que no final das contas, o discurso será sempre o mesmo: “Você esta exagerando, eu estava apenas brincando…” E a mulher pensa “Realmente, acho que estou exagerando” e fica ali sendo ferida, esmagada, tendo a autoestima destruída dia após dia, sem forças para reagir, por que entende se culpadas das situações. Às vezes, é tão convencida disso, que a agredida, é quem pede desculpas ao agressor, sentindo se aliviada por ele ter perdoado.
Um exemplo fácil de ser encontrado é quando o homem usa alguma característica física da mulher, e faz comentários depreciativos, como piadas a respeito do peso dela, para logo em seguida, quando a mesma reage, dizer a ela que ela esta exagerando e que ele estava apenas brincando.
O gaslight pode ser algo muito sutil, tão simples como alguém sorrindo e dizendo algo como: “Você é tão sensível”. Tal comentário pode parecer inócuo o suficiente, mas, naquele momento, o orador está fazendo um julgamento sobre como alguém deve se sentir. A desqualificação das percepções e sentimentos da outra pessoa é uma violência emocional.É muito mais fácil manipular emocionalmente uma pessoa que tem sido condicionada pela nossa sociedade a aceitá-la. Provavelmente algumas mulheres pensarão que por serem mulheres empoderadas, fortes, independentes… Não serão alvo deste tipo de violência, é importante dizer que todas estamos à mercê disso, por que é muito difícil diagnosticar o quadro, não esperamos que a pessoa que amamos, escolhemos para viver ao nosso lado e dividir a vida, nos trate desta forma, e por isso seguimos desculpando e aceitando a situação, quando não nos culpamos pela mesma.

O GASLIGHT rouba da mulher sua arma mais poderosa, ele rouba sua voz. Notem que muitas vezes ao fazermos cobranças aos nossos companheiros, namorados, maridos… Nós tentamos fazer de uma forma meiga, calma, quase como se nos desculpássemos por chamar atenção deles sobre algo que nos incomoda, e desta forma as mulheres vão tornando-se seres passivos, seres não assertivos, não combativos, presas fáceis para todos os tipos de violência machista. E é com este tipo de desqualificação da sanidade da mulher que o machismo também desconstrói a possibilidade de independência delas, afinal se são tão vulneráveis emocionalmente, como poderão alçar cargos elevados dentro de empresas, ou grandes responsabilidade, postos de liderança, não é mesmo? É muito valioso para manutenção dos privilégios dos homens tratarem as mulheres como desequilibradas, naturalizando estas características como inerente a elas.

O homem que faz isso, não faz de maneira não intencional, ele sabe que esta ferindo a companheira e a cada dia é mais complicado pedir aos homens para que observem suas atitudes, para que parem de praticar violências machistas, pois grande parte da população masculina esta comprometida em defender seus privilégios, mas esperamos que este tipo de leitura, além de esclarecer as mulheres para que possam se defender, também conscientize os homens.

Maíra A. Andrade Psicóloga - CRP 05/32352 Diretora e Responsável técnica do NIDH Colaboradora na Comissão especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho no CRP/RJ
Maíra A. Andrade Psicóloga – CRP 05/32352 (Diretora e Responsável técnica do NIDH; Colaboradora na Comissão especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho no CRP/RJ)

 

 

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Mesmo diante dos problemas, devo continuar a produzir?

Diariamente temos ouvido falar sobre a produtividade como algo ruim, com argumentos falando sobre não precisarmos nos preocupar com a produtividade, por não vivermos uma competição. De fato, não se deve pautar a vida na produção de outra pessoa, no entanto, a produção diária de cada um é muito importante para a autoestima, e principalmente para a autorrealização.

Seria “adoecedor” para nossa saúde emocional e mental se a todo momento comparássemos nosso hoje com o de alguém que depois de tantos percalços alcançou a autorrealização pessoal. Mas tendo como base o estudo de Maslow, quando fala sobre a pirâmide de necessidades humanas, vemos que para alcançar o topo, é necessário que cada etapa tenha sido solidificada.

Maslow define cinco categorias de necessidades humanas, sendo elas fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e então a autorrealização. Sem produtividade não alcançamos o topo desta pirâmide. Não devemos parar nosso trabalho, nosso estudo ou nossas conquistas, pelo fato de outra pessoa não estar produzindo, ou estar produzindo mais do que você.

Crises financeiras, crises na saúde, crises sociais, acontecerão a todo momento, mas não podemos parar por causa delas, devemos nos adaptar, repensar as situações e continuar produzindo. Afinal, a produção é sua! Então, produza, escreva, grave, crie… e lá na frente colha a autorrealização que sua própria produção diária fez com que você alcançasse.

Helinton Peixoto Mercante – Psicólogo – CRP 05/48251, Orientador profissional, Psicomotricista e Neuropsicopedagogo, Especialista em Psicologia escolar e inclusão. Psicólogo do CAPS AD de Belford Roxo e Diretor Pedagógico da Koala eventos.

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GRUPOS QUE JÁ SE ENCONTRAVAM EM VULNERABILIDADE ANTES DA PANDEMIA

Crianças e adolescentes com deficiência; meninas (por sua condição de gênero); meninas e meninos; indígenas; quilombolas; ribeirinhas e ribeirinhos; negras e negros; LGBT+; migrantes e imigrantes; refugiadas e refugiados; moradoras e moradores de comunidades rurais/periferias; adolescentes cumprindo medidas socioeducativas, adolescentes em situação de acolhimento institucional, pessoas  que enfrentam tratamento de doenças severas, etc.

                Duas atitudes são fundamentais nesse momento: ter um olhar atento para identificar e denunciar situações de violência e tomar todas as medidas necessárias para prevenir essas situações.

                A realidade do Brasil, nos faz pensar em populações, grupos e comunidades que já se encontravam em situação de risco antes desse momento de crise mundial. Os últimos acontecimentos tem nos mostrado a importância de estarmos atentos para poder agir. O momento é desanimador e de indignação. No dia 17 de maio de 2020 o dançarino, ator e modelo, Demétrio Campos foi SUICIDADO – termo utilizado pelos ativistas por definir o suicídio como um processo de ‘’ação direta do Estado ou pela sua inoperância na Assistência Social, no Saneamento Básico, menosprezo alimentados por religiões, escolas, meios de comunicação e autoridades, e reproduzidos por famílias, comunidades, ambientes de trabalho’’. No dia seguinte, o adolescente de 14 anos, João Pedro foi vítima de uma operação policial. João, foi levado sem o acompanhamento de sua família e depois de muitas manifestações nas redes sociais em apoio à família e em revolta com o acontecido, veio a notícia de que seu corpo já se encontrava no IML. João, Demétrio, Agatha, Marcos Vinícius e tantos outros nomes e histórias que são interrompidas pela necropolítica do estado do Rio de Janeiro e pelo genocídio de populações entendidas socialmente como minoritárias.

                Cabe aqui, pensarmos em quem são as pessoas que precisam ainda mais da proteção e cabe também aos que possuem mais recursos, privilégios e condições se movimentarem pra gerar mudança, uma mudança estrutural. Use das suas estratégias para ajudar esses grupos. Há muito tempo, vidas são tiradas por uma supremacia e a criminalização da pobreza não pode permanecer sendo algo naturalizado, comum e cotidiano. Se um tiro disparar na sua casa agora, quem você é no jogo?

Fonte: Guia de Bolso: Proteção infantil e ajuda humanitária na pandemia de COVID-19; @flaviaol e @instadajaqueline

Autora: Grazielly Ribas de Oliveira – Psicóloga (CRP 05/59433), mestrando em Psicologia pela UFRRJ, pesquisadora do Laboratório de Estudos Sobre Violência Contra Crianças e Adolescentes (LEVICA), formada em Terapia Sexual, atua na clínica com crianças, adolescentes e adultos na abordagem da Terapia do Esquema. Participante do Projeto CEIBA – teatro e biologia.

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Dia Nacional da Luta Antimanicomial

O 18 de maio é marcado por ser um dia de luta de trabalhadores da saúde mental, usuários e familiares pela garantia de direitos das pessoas com sofrimento mental. A luta é para que possam ter um tratamento digno em locais substitutos aos manicômios e por uma inserção na sociedade como cidadãos que são, podendo estarem livres e não em hospitais ou casas de recuperação, isolados e retirados de seus territórios.

O movimento da Reforma Psiquiátrica ou Luta Antimanicomial, iniciou-se no final dos anos 70 e acompanhou o processo de democratização do Brasil. Saindo de um sistema ditatorial não era mais possível que pessoas continuassem sendo colocadas em “depósitos humanos” e esquecidas por anos e anos, sendo dopadas e com o uso de eletrochoque para “acalmar” e “tratar”. O marco para a criação desse dia foi o II Congresso dos Trabalhadores em Saúde Mental, realizado em Bauru no ano de 1987 com o lema “Por uma sociedade sem manicômios.” Sendo assim o fechamento gradativo dos hospitais e a criação de uma rede ampliada para o tratamento seria a forma de se conseguir o objetivo discutido nesse encontro. 

Mesmo já se passando mais de 30 anos do início do movimento ainda precisamos reafirmar o lema do II Congresso e lutar para que novas formas de manicômios não sejam recriadas.

O Brasil passa por um momento de perdas de direitos e diversos retrocessos na área da saúde e dos Direitos Humanos. O sucateamento do SUS, que está evidente neste momento de pandemia do Covid 19, traz reflexos diretos ao CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que é o local de tratamento substituto aos hospitais psiquiátricos.

Mais especificamente o CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas), local em que trabalho, tem sofrido um ataque direto à sua forma de tratamento, já que novas recomendações com objetivo de que a pessoa “fique e permaneça abstinente” traz um conflito com a diretriz da Redução de Danos como alternativa na condução desse cuidado.

Neste dia 18 de maio de 2020, atípico e pandêmico, não iremos para as ruas, não faremos grandes encontros em nossos locais de trabalho, mas nos manteremos firmes no lema e com um adendo “Por um SUS sem manicômios”, entendendo que “prender não é cuidar”.

Autora: Rogéria Ferreira Thompson – Psicóloga clínica – CRP: 05/52415, Psicóloga no CAPS AD Vanderlei Marins em NI, Colaboradora do CRP-RJ Subsede Baixada Fluminense, Especializanda Em Direitos Humanos e Saúde – ENSP/FIOCRUZ e Co-Fundadora do Movimento de Psicólogos da Baixada.

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Dia Internacional de Luta Contra a LGBTfobia

A data faz referência ao dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade de sua lista de doenças, em 1990. No entanto, apenas em 18 de Junho de 2018 a transexualidade / travestilidade fora retirada do capítulo de doenças mentais pela OMS. Mas o que há de importante nesse tema para que você e eu se importe? Reflitamos:

(…) o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e também é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo. (…), a cada 19 horas, uma pessoa LGBT é morta no país. (…) A população trans é a mais atingida por essa violência. (…), a cada 26 horas, (…), uma pessoa trans é assassinada no país. A expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos. “As mazelas sociais são a exclusão, a falta de trabalho, a prostituição e o exercício de profissional de sexo como a única alternativa de sobrevivência” (…)” BRASIL DE FATO, 2018.

Enquanto o psicólogo estadunidense Carl Rogers (1902 – 1987) nos sinaliza que “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”, o psicólogo brasileiro Dr. Luís Antônio dos Santos Baptista (UFF), em seu texto “A Atriz, o Padre e a Psicanalista – Os Amoladores de Facas, salienta que “os amoladores de facas têm (…) a presença camuflada do ato genocida. (…) Retiram do ato de viver o caráter pleno (…) de modos singulares de existir. (…) Não acreditam em modos de viver.” 

Podemos considerar muitas formas de “matar e morrer”. Alguns amolam as facas, e outros as utilizam para esfaquear. A uns morre o corpo enquanto que a outros morre o sentido de existir (de tão sufocante que lhes torna a vida com os “amoladores de facas” que os cercam). Certa vez um cliente transgênero masculino me disse: “Doutor, muitas vezes quando criança, eu orava a Deus cortando minha pele escrevendo ‘Jesus’ … minha esperança era que Jesus transformasse meu corpo de menina no corpo de um menino”, retratando seu desejo de ter um corpo socialmente aceito em relação a sua auto percepção de gênero.

Portanto, conforme os Princípios Fundamentais do Código de Ética da Psicóloga (2005):

I. A psicóloga baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiada nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. II. A psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. III. A psicóloga atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural. (…)

Em consideração ao seu comprometimento com a dignidade das vidas humanas, a Psicologia brasileira apresenta a sua categoria e a sociedade a  RESOLUÇÃO CFP N° 001/99 DE 22 DE MARÇO DE 1999 que “Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual” e, mais recentemente, a RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018, que “Estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis”. Ambas podem ser encontradas no site do Conselho Federal de Psicologia. É louvável concluirmos esse convite reflexivo com as palavras do já citado Carl Rogers:

 ” Sinto-me mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos.”

Biografias: https://www.escavador.com/sobre/7720744/luis-antonio-dos-santos-baptista

https://www.ebiografia.com/carl_rogers/

BRASIL DE FATO: https://www.brasildefato.com.br/2018/05/17/dia-internacional-de-luta-contra-a-lgbtfobia-marca-resistencia-em-meio-a-violencia/

Código de Ética da Psicóloga: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf

Autor: Tiago dos Santos – Psicólogo Gestalt-Terapeuta (CRP 05/47737), Especializando em Hipnose Clínica, Hospitalar e Organizacional (IBH), Expertise em Direitos Humanos em HIV e AIDS (Movimento Social), Colaborador da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do RJ nos Eixos de “Diversidades e Gêneros” e “Psicologia e Laicidade” Idealizador/Integrante do Coletivo DHiVerSuS de Psicologia.

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Ansiedade X aprendizagem durante a pandemia

Desde que a OMS decretou a pandemia do coronavírus em 11/03/2020 passamos a conviver com sentimentos de medo e dúvida. O próprio distanciamento social determinado durante a quarentena aumenta os níveis de angústia.

     O atual cenário de pandemia do novo coronavírus tem gerado muita preocupação em todos. E cada um reage a esta preocupação de forma diferente. A incerteza e o medo geram ansiedade e junto com ela é possível observar diversos sinais que impactam diretamente no processo de aprendizagem dos alunos e em todo seu contexto familiar.

     A partir disso é necessário estar bem mentalmente para ter o foco necessário para estudar, trabalhar e/ou desenvolver todas as atividades da rotina. É muito importante amenizar a ansiedade nesse período para continuar a rotina como um todo.

     A ansiedade é um mecanismo de defesa natural do ser humano quando se sente em perigo ou com medo. Ela nos prepara para lidar com as situações, porém, se não cuidar dessa ansiedade, ela pode se ampliar onde os pensamentos a cerca das incertezas se multiplicam. É quando a ansiedade se torna negativa para saúde. Neste momento é possível perceber irritabilidade, problemas ao dormir e dificuldades para se alimentar.      Portanto, ter e/ou manter uma rotina estruturada viável neste momento, é fundamental para o bom funcionamento do corpo e da mente. Com a ruptura da rotina anterior, não se sabe mais se é dia, noite, hora de sair ou chegar. Manter uma rotina de acordar, tomar café, estudar e/ou trabalhar é muito importante para evitar a ansiedade. A atividade física, a alimentação equilibrada e o sono regulado também são agentes fundamentais para o controle da ansiedade.  

Ansiedade em crianças: Os termos isolamento social, pandemia, coronavírus tem gerado curiosidade e questionamentos das crianças. Portanto, é preciso falar sobre o assunto, de forma clara, dentro da linguagem de entendimento da criança, mediante sua faixa etária de idade, estruturando o roteiro da fala de forma que a criança entenda, além de falar sobre esperança em dias melhores, orientação de prevenção e avaliar se acriança entendeu. Com o período de quarentena, as aulas passaram a ser on line, desta forma, muitas famílias se vêem hoje administrando a aprendizagem dos pequenos em casa. Portanto, é muito importante incentivar a aprendizagem por meio de brincadeiras, estimular a imaginação, estimular a criatividade, porém, sempre mantendo uma rotina com horários de estudos, brincadeiras, etc. Neste período é possível as crianças apresentarem alguns sinais de ansiedade:

  • irritabilidade
  • alteração no sono
  • agressividade
  • alteração no apetite
  • compulsão
  • medo excessivo
  • mutismo seletivo (se recusar falar em determinados momentos).

Ansiedade em adolescentes: Nos adolescentes já é comum a ansiedade relacionada à competência, ameaças abstratas e às situações sociais. Porém, com o isolamento social tudo isso fica potencializado. Portanto, é necessário observar o surgimentos dos sinais de ansiedade mediante:

  • alterações no sono
  • alterações no apetite
  • impulsos autodestrutivos (autolesão)
  • depressão
  • compulsão
  • irritabilidade
  • agressividade
  • isolamento

       Perder a liberdade para o adolescente é muito difícil. Portanto, é necessário que a família esteja atenta a estes sinais e se aproxime mais do adolescente a partir de atividades juntos como jogos, assistir lives, filmes ou séries, estimular a participação do adolescente nas atividades da casa, além de manter rotina de estudos e responsabilidades diariamente.

Neste período de quarentena é importante manter uma certa normalidade dentro dessa rotina anormal. Continue fazendo suas refeições, lendo e/ou assistindo o jornal que gosta, conversando com pessoas queridas, se exercitando em casa, etc. O importante é admitir que estamos num momento difícil e que a rotina precisa ser alterada de alguma forma. Mas isso não significa ficar em pânico. Talvez seja o momento de aproveitar para refletir sobre prioridades e quem sabe pensar em novas oportunidades?


Maíra Amaral de Andrade
Psicóloga (CRP 05/32352), Orientadora Vocacional com foco em Avaliação Psicológica. Atualmente é Diretora e Responsável Técnica do Núcleo Integrado de Desenvolvimento Humano (NIDH) e Colaboradora na Comissão Especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho no CRP-RJ.
Coautora no livro Coaching Familiar com o tema Vocação e profissão e Coatora no livro Suicídio – A vida não pode parar com o tema Aspectos Psicológicos no Suicídio.

           

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